sexta-feira, 3 de maio de 2013

MELECA




texto de autor anônimo para ser lido apóshttp://beatrizmoreiralima.blogspot.com.br/2013/04/quem-e-ele-ou-sexo-x-realidade.html 



Tenho 48 anos e, como dizia aquela canção, “já tive mulheres de todas as cores, de várias idades, de muitos amores”, mas nunca deixei que nenhuma delas tomasse conta da minha vida. A única mulher que tinha esse direito era a minha mãezinha, que infelizmente Deus levou muito cedo. Nem a minha irmã, por quem tenho um carinho e um respeito enormes, eu admito que se meta nos meus assuntos.

Então fiquei até sem palavras quando essa moça veio me repreender. Mulher nenhuma me repreende. Aliás, nem homem. Só meu falecido pai, que Deus o tenha. E não era com conversinha mole e fricote, era na vara e no cinto. Meu pai me educou pra ser macho acima de tudo. Não foi pra ouvir sermão de mulherzinha. Pra ficar sendo questionado...

“Ah, por que você nunca se casou? Tem filhos? Você não acha que a sua relação com a sua irmã pode ter atrapalhado o seu relacionamento com as mulheres? Não dá atenção demais aos problemas dela? Afinal, ela não é sua mãe...”. E por aí vai... Será que essas mulheres da cidade não aprenderam a respeitar um homem? Eu por acaso fiquei perguntando por que ela mantém um gato gordo preso dentro de um apartamento? Perguntei por que ela não deu um filho ao sujeito com quem foi casada por quase 10 anos? Falei alguma coisa de ela viajar sozinha pro exterior, se deitando com um desconhecido como uma mulher da zona?

Não. Eu gostei da moça. Cada olhão grande e brilhante... parecia que tinha chorado... Mas, não, tinha o riso frouxo. A pele macia, as carnes no ponto. Não era toda dura e malhada, tinha onde pegar, do jeito que eu gosto. Porque quem gosta de mulher esquálida é viado, assim mesmo é pra vestir e não pra comer...

Uma pena. Eu tava até disposto a relevar um monte de coisa. Fiz que não percebi o jeito dela com minha irmã. Cara de quem tá sentindo cheiro de peido... Não comeu a compota de jaca feita especialmente pra ela. Dieta. Pelo menos comeu o churrasco. Depois apareceu na fazenda na hora que minha irmã tava no hospital e começou a dar ordem nos empregados e mandar fazer as coisas diferente do que sempre fizeram. Não liguei, pra mim, tanto faz.

Tava tudo indo bem. Não exijo muito, a mulher sendo fogosa, cheirosa e sem frescura, pra mim tá bom. O problema começou nessa última vez, na casa dela. Primeiro me azucrinou a paciência porque eu não tinha lido lá uns livros que ela achava que todo mundo devia ler. Expliquei, com toda calma, que não gosto de ler. E ponto. Só leio jornal e revista. Depois começou com umas frescuras na cama. Disse que não tinha mais clima. Ora, meu Deus, mas que clima? O quarto todo fechado, o ar-condicionado ligado, nós dois pelados. O que mais precisa? Só porque o telefone tocou e eu tive que falar um pouco com a filha da cozinheira que estava lá ajudando a minha irmã?

Ainda estava disposto a relevar. Mulher é assim mesmo, são todas cheias de nove horas. Só que aí ela resolveu dizer que eu tinha grudado uma meleca na cabeceira da cama! Peguei minhas tralhas e fui-me embora. Não vou discutir meleca com uma mulher doida. Eu grudei mesmo a meleca lá. Mas foi à noite, porque ela tava dormindo e tava muito escuro pra eu ir até o banheiro. Não quis acender a luz, para não acordá-la, mas tive medo de sair no breu do corredor e dar de cara com o gato. Eu tenho medo de escuro. E não gosto de gatos. Mas jamais diria isso pra mulher com quem estou trepando.


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